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Açores vão ter Portal de cultura para divulgar Agenda Intermunicipal
Os Açores precisam de uma agenda intermunicipal de cultura. Esta foi uma das principais conclusões do I Encontro Regional de Responsáveis Municipais de Cultura, que decorreu em Ponta Delgada.
Nas conclusões, divulgadas na sessão de encerramento, liderada por João Ponte, Presidente da Associação de Municípios dos Açores (AMRAA), os autarcas defenderam que cada Município desenvolve a sua actividade de forma autónoma, mas “a oferta cultural açoriana ganha mais com um meio complementar de divulgação conjugada das diferentes programações municipais”.
É precisamente neste sentido que os autarcas se propõem lançar as bases para a criação de uma agenda intermunicipal de cultura, com actualização permanente na Internet, que esteja aberta à informação de todas as Câmaras aderentes e que permita ligação em rede aos respectivos sites municipais.
“O portal “Cultura Acores” deverá chegar à Internet ainda antes das festas de Verão e poderá ser futuramente complementado com uma agenda regional em suporte de papel para distribuição estratégica por locais de captação de turismo interno e externo” - lê-se no documento final da reunião, em que os autarcas defenderam que “os Açores merecem divulgar melhor os artistas locais”
Sem esquecer que os 19 concelhos dos Açores dispõem de agentes culturais com actividade local e com interesse regional, os autarcas sustentam que, para que estes artistas sejam reconhecidos “precisam de circular e para circularem precisam de ser conhecidos”.
Neste sentido, defenderam a criação de uma bolsa regional de artistas locais, com registo actualizado dos agentes activos em cada concelho, em qualquer ramo das artes, preferencialmente no âmbito da plataforma digital “Cultura Açores”.
O I Encontro Regional de Responsáveis Municipais de Cultura concluiu ainda que os Açores devem desenvolver intercâmbio cultural entre os concelhos, porque só assim conseguem “enriquecer a programação do concelho anfitrião e enaltece os agentes associados ao concelho de origem. Muitas vezes recebemos mais os artistas nacionais e estrangeiros e conhecemos menos os valores culturais dos outros concelhos e ilhas”.
Uma vez que há a possibilidade de reforçar a oferta cultural apostando na produção que é comum a todos, os autarcas propuseram também “incrementar as trocas culturais entre os Municípios, desenvolvendo a circulação dos nossos artistas – numa primeira fase, pelos diferentes concelhos da mesma ilha ou das ilhas mais próximas – especialmente por ocasião das suas principais festas municipais”.
Trata-se de um intercâmbio que poderá ser, mais tarde, alargado para a realização de festivais intermunicipais de âmbito regional, ao abrigo dos apoios à valorização dos recursos culturais que são assegurados pelas quatro associações de desenvolvimento local dos Açores.
Outra das conclusões deste encontro, lidas pelo Vereador da Cultura de Ponta Delgada, José Andrade, foi no sentido de tentar encontrar formas que possam colmatar os entraves ao intercâmbio e que passam, sobretudo, pelo custo dos transportes.
Referem os autarcas que “o maior inimigo dos intercâmbios é o custo dos transportes”, adiantando que “o orçamento da deslocação encarece sobremaneira – e muitas vezes inviabiliza – a circulação dos agentes culturais para a Região e entre as ilhas, sobretudo nos casos colectivos de bandas filarmónicas, grupos folclóricos, orquestras e corais”.
Neste caso concreto, defenderam a criação de tarifas especiais inter-ilhas e entre a Região e o continente para a deslocação marítima e aérea de agentes culturais em digressão ou intercâmbio, designadamente no âmbito dos eventos de livre acesso público promovidos pelos Municípios ou Freguesias.
Numa altura em que os Açores podem potenciar, cada vez mais, a cooperação cultural autárquica, ficou assente, neste encontro experimental que a iniciativa é para repetir como “fórum intermunicipal de temática estritamente cultural, com a regularidade e a descentralização que forem consideradas adequadas pelos seus intervenientes”.
“A cultura açoriana fica mais forte com uma maior cooperação sectorial das diferentes autarquias locais” - lê-se no mesmo documento, que sublinha: “Cooperar é partilhar preocupações e conjugar actividades. O diálogo directo entre diferentes responsáveis do mesmo sector é a melhor forma de dar e receber em benefício de todos”.
Sendo assim, este esforço de cooperação será alargado a todas as Câmaras Municipais de todas as ilhas e continuará a valorizar a participação institucional da Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores e mesmo da Delegação Regional dos Açores da Associação Nacional de Freguesias.
No final dos trabalhos, João Ponte elogiou a iniciativa da Câmara Municipal de Ponta Delgada, referindo que a cultura é transversal a diversas áreas e a cooperação entre municípios permite consertar estratégias entre todos.
A cooperação, segundo o Presidente da AMRAA, não pode olhar a questões políticas, mas sim trabalhar em prol dos cidadãos de todas as ilhas e de todos os concelhos.
Sublinhando o facto de, nos dias que correm, as autarquias se verem obrigadas a fazer melhor com menos recursos, João Ponte manifestou a disponibilidade da AMRAA em ajudar na cooperação agora estabelecida entre os Municípios e as Freguesias com a realização do I Encontro Regional de Responsáveis Municipais de Cultura.